Filosofia de Rua: Lembranças

              Nesses dias, enquanto assistia ao filme “Lucy”, me veio a mente a indagação do que era essencialmente importante na vida humana, o que necessariamente se tornava um tesouro para nós... “O Tesouro Mais Precioso da Humanidade”... e acho que descobri: nossas lembranças... nossas memórias.

           Quando crianças, são nossas memórias que definem por meio de experiências vividas na pratica, do que vamos gostar ou não. Quais pessoas vamos considerar “amigos” construindo sentimentos agradáveis em relação a elas. Brinquedos se tornam preferidos para o resto da vida ao fornecerem lembranças de aventuras e divertimento. Alguma verdura acaba sendo odiada por oferecer um gosto muito oposto ao de chocolate ou essa mesma verdura se torna a preferida por também ser a preferida daquela pessoa que a criança admira.
            Nos apegamos a fotos com pessoas e/ou em momentos e lugares inusitados como se fossem amuletos que nos confere acesso a nossas lembranças. Durante um relacionamento, tentamos fazer com que todas as lembranças boas acabem valendo mais do que as ruins, caso contrário “não vale a pena”. – como uma briga boba de ciúmes pode valer mais do que aquela foto juntos? - É interessante como hoje é fácil apagar as fotos, com o apertar de somente um botão todas as fotos memoráveis se perdem para sempre, antigamente era mais difícil, você tinha que fazer força para rasgar a foto, uma força que muitas vezes não tínhamos e preferíamos guarda-lo no fundo de uma caixa no armário do que ter o trabalho de destruí-las. Muitas pessoas deletam fotos como se quisessem apagar uma lembrança sua para sempre... se tornou banal... acho isso tão errado... por mais que a lembrança seja dolorosa, pense bem, por que apagaríamos a lembrança de algo que contribuiu para sermos quem nós somos hoje? Somos um emaranhado de experiências, resultados e emoções adquiridos das mais variadas situações. Tentar esquecer algo é como tentar apagar uma parte de nós. Quando adultos tentamos fazer isso com tanto afinco que não nos damos conta que tudo que passamos faz parte de o que nos define.
            Podemos perceber o quanto somos tolos ao tentar esquecer partes de nossa vida observando como os idosos tentam se apegar a todas aquelas que lhes restam... Nessa fase e somente nessa fase realmente percebemos o quanto o nosso tesouro é valioso: Perdemos amigos e dificilmente conseguimos fazer novos, já não decoramos como lidar com objetos eletrônicos como lidávamos, uma nova geração toma seu lugar como os novos tolos tentando selecionar o que querem lembrar e o que querem esquecer, sendo que deveriam se preocupar em como gostariam de ser lembrados... do seu legado... pois é isso que vai definir como as pessoas te tratarão quando estiver senil... até mesmo após a sua morte é somente isso que sobrará, as boas lembranças e bons exemplos que você deixará para as pessoas que tiveram a oportunidade de te conhecer. São essas boas lembranças que vão nos manter vivos quando fomos embora... são as lembranças do amor que construímos em vida que sobreviverá quando tudo acabar.

Agora só resta a pergunta: Do que você será lembrado?

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