Filosofia de Rua - A Morte

    Da semana passada pra cá recebi muitas informações interessantes relacionados ao dia das bruxas/halloween/dia do saci e finados, particularmente gosto de dedicar um tempo pra entrar de cabeça em cada feriado e dessa vez não foi diferente... em poucos dias devorei 2 livros de terror da editora Darkside(uma editora focada em livros de terror), escrevi a resenha de um deles que pode ser encontrado no meu blog e to lendo atualmente "Caixa de Passaros" de Josh Malerman da editora Intriseca, mas de todos esses livros que li, "Confissões do Crematório" foi aquele que abriu os meus olhos ao falar de um assunto que todos nós tentamos evitar: A inevitável morte.
    "Confissões do Crematório" tirou um peso das minhas costas e mostrou o quanto a morte é uma situação natural... tão natural quanto o nascimento... foi muito bom encontrar um livro que aborde a morte de maneira tão natural, pois devo confessar que eu tenho um raciocínio muito parecido com a autora do livro, sempre tive uma curiosidade, quase uma ansiedade em saber o que há depois, não me entendam mal, não quero me suicidar nem nada parecido, mas é como a ansiedade e o nervosismo que temos ao pensar que nós algum dia passaremos por primeiro beijo, formaturas e casamentos. O fato é que apesar de ser natural e inevitável, as pessoas tendem a ser distanciar o máximo possível desse assunto por se tratar muitas vezes de um processo doloroso e isso me causou dois problemas no decorrer do tempo:
Seria eu, um dos adoradores da Senhora Morte?
(Thanos e a Senhora Morte)
    1) Me sentir culpado ao ter um pensamento tão descontraído sobre a morte. As poucas vezes que tentei botar para fora esse raciocínio fui repreendido, como se houvesse algo de muito errado comigo por ficar feliz pela morte do outro. Enquanto todos ficam de luto, se questionando porque as coisas são assim, eu ficava feliz pela pessoa, imaginando que todos os problemas ou reclamações, todos os pesos, dores e angústia tinham ido embora e que a pessoa se sentiria mais leve e virtuosa... após muitas subidas e descidas que a vida dá, a pessoa literalmente teria o devido descanso na morte. Sentiria e sinto saudade daqueles que se foram? Sim, mas acredito de verdade que passaram dessa para melhor... acredito literalmente na frase "descanse em paz".
    2) Ao ser repreendido e varias vezes me auto repreender, adquiri a mesma ignorância daqueles que me repreendiam. Tentava a todo custo me distanciar ou ignorar a morte, mesmo tendo no meu consciente que é algo inevitável. Já percebeu o quanto a sociedade em geral tenta ignorar a morte? tememos cemitérios sem imaginar que um dia tanto nossos entes queridos quanto nós mesmos: todos iremos para lá.
    Imagino algum leitor lendo a última frase do paragrafo acima e pensando "vira essa boca pra lá" ou o famoso "ta amarrado em nome de Jesus", pois tememos tanto a morte que em algum lugar da nossa mente deve ter alguma diretriz dizendo que enquanto evitarmos falar ou pensar no assunto seremos imortais, podemos continuar levando a rotina de maneira automática e passiva pois temos todo o tempo do mundo e no final isso é uma tremenda mentira. Tentamos disfarçar o sentimento de urgência quando existe um grande motivo pra esse sentimento existir: olhe para as pessoas a sua volta, lembre-se de seus amigos e familiares, lembre-se da pessoa que você mais ama e imagine todos pálidos, frios e sem vida num caixão... é terrível, não é? pois é muito possível. Em algum momento, há qualquer momento, qualquer uma dessas pessoas podem morrer, inclusive você, não percebemos, mas o tempo de uma vida é muito curto, passa rápido, mas nos comportamos como se tivéssemos certeza de que essas pessoas estarão lá, vivendo eternamente no amanhã, aonde devem estar, pois sempre teremos um tempo amanhã para essas pessoas, mas hoje não. 
A Dona Morte não parece tão mau no final das contas.
    Nos distanciamos da ideia de morte pois é muito mais fácil para se acomodar e aceitar as coisas como são... pensar na morte é natural, ela é uma das engrenagens principais que "dão um norte" as nossas vidas. Indiretamente é nela que pensamos quando nos perguntamos perdidos "O que estou fazendo da minha vida?". É ela que nos faz perceber que estamos vivos e que enquanto estamos vivos, ainda dá tempo... de se declarar, proclamar, cantar, dançar, errar e consertar. Mas e você? O que esta fazendo da sua vida? deseja receber e presentear flores em vida? Ou lamentar o curto tempo de uma vida desperdiçada?

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