Ciclo 2 - O prêmio de Trofônio

    "Nos sete dias seguintes deram largas, então, à sua vontade:
     No primeiro dia comeram tudo quanto enxergaram, até ficarem verdes de cólica.
     No segundo dia encharcaram-se de vinho até caírem desmaiados sobre as mesas.
     No Terceiro dia viajaram por inúmeros lugares numa liteira de ouro, até ficarem vesgos de tanto ver paisagens.
     No quarto dia dançaram loucamente em todas as tavernas, como bufões enlouquecidos, até incharem os pés de bolhas.
     No quinto dia escutaram as mais belas músicas que o gênero humano pôde compor, até não suportarem mais um único acorde.
     No sexto dia, tendo contratado os maiores sábios do mundo para que lhes explicassem os segredos do Universo, adormeceram antes que todas as sumidades pudessem chegar a qualquer conclusão.
     No sétimo dia juntaram em casa quantas mulheres belas o dinheiro pode pagar.
     E aí foi demais: a sacola finalmente se esvaziou, até a última moeda.
     No oitavo dia toda a cidade aguardava Trofônio e Agamedes no templo de Apolo, para ver o que seria, afinal, aquele prêmio maravilhoso que a divindade lhes prometera. "O prêmio maior que um mortal pode aspirar", segundo a promessa.
     Porém, como não aparecessem nunca, correram todos até a casa dos dois. Não obtendo resposta aos seus chamados invadiram-na e encontraram os dois deitados, de orelhas tapadas, cada qual em sua respectiva cama.
     Dormiam o imperturbável sono eterno e tinham nos lábios um sorriso que vivo algum pode igualar."

(trecho do conto "O prêmio de Trofônio" do livro "As Melhores Histórias da Mitologia" de A.S Franchini/Carmen Seganfredo)

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